A KBB Brasil
analisou os pontos positivos e negativos de se investir em um veículo na fase
de troca de geração para ajudar os consumidores a fazer uma compra mais
consciente
Quando o assunto é design automotivo e funcionalidades, as marcas estão
sempre inovando. A cada nova geração, os modelos surgem com uma “nova cara”,
trazendo novidades para o mercado, seja em tecnologia ou funcionalidades,
mantendo as vendas aquecidas. Nessas transições, muitas ofertas, condições
diferenciadas de pagamento, versões especiais ou limitadas são anunciadas como
uma estratégia de liberar os estoques e abrir espaço para as novas versões. Com
esse cenário, a KBB Brasil, site referência em precificação de carros novos e
usados, ajuda a definir o que compensa mais para o consumidor: aproveitar essas
oportunidades ou aguardar as atualizações da versão desejada.
Vale ressaltar que, para o mercado, uma mudança de geração de um carro
significa, na maioria das vezes, o encerramento de um ciclo de vida do modelo,
que dura, em média, entre 5 e 8 anos desde o seu lançamento. Durante este
período, o modelo pode passar pelo o que chamamos de facelifts ou
atualizações de meia-vida, que são alterações pontuais, geralmente nas partes
plásticas da carroceria ou a adição de equipamentos de pouco valor agregado,
com o intuito de manter o modelo aquecido no mercado.
Por exemplo, o Hyundai HB20, que foi lançado em 2013, recebeu, após três
anos de vida, seu primeiro facelift. As novidades se restringiram a
um sutil retoque visual no para-choque, grade frontal e troca das rodas, nada
que exigisse grandes adaptações na cadeia produtiva do modelo ou um volume
muito alto de investimento.
Quando o ciclo de uma geração se encerra, por outro lado, há um marco
mais representativo para o mercado. Isto porque, de maneira geral, toda a
arquitetura do carro é alterada, possivelmente utilizando materiais mais nobres
(e caros) na construção do carro, com um redesenho muito mais abrangente. O
volume de investimento, portanto, é muito maior, bem como as mudanças no
processo produtivo.
Foi este o caso, por exemplo, do Honda Civic de 10ª geração, que chegou
ao mercado com um visual radicalmente renovado, plataforma, motor e câmbio
inéditos (1.5 turbo e câmbio CVT), evoluindo no tamanho, dinâmica, tecnologia e
design.
Entretanto, o mercado também pode interpretar como mudança de geração
alterações que não seguem, exatamente, esta receita. São casos em que há um
significativo incremento do valor agregado do veículo, como quando há alguma
troca de motor (por um mais moderno, potente e eficiente) e/ou a adição de
equipamentos de segurança extremamente relevantes.
Como a mudança de geração impacta nos
preços?
A principal pergunta que os consumidores têm interesse em saber é o
quanto as novas gerações podem impactar no valor de compra e venda de modelos
das gerações anteriores. Para isso, analisamos o real impacto do lançamento de
novas gerações no preço dos veículos.
Vamos utilizar como exemplo o Toyota Corolla, em sua versão XEi
(historicamente, a mais popular do sedã) para explicar como cada mudança de
geração do sedã afetou os preços dos modelos que passaram a estar
desatualizados no mercado. O veículo, que começou a ser fabricado no Brasil em
1999, passou por quatro gerações nacionais, sendo a primeira delas no ano de
seu lançamento, seguida por atualização em 2003, 2008 e 2015.
Contudo, o Corolla é um dos modelos que passaram por mudanças de geração
“mercadológicas”, isto é, que não envolveram a troca de plataforma. Isto
ocorreu em 2011, quando a versão XEi passou a contar com motor 2.0 em vez do
1.8, e em 2018, quando todas as versões dele passaram a ter controle de
estabilidade e sete airbags de série. Em ambos os casos o impacto dos preços
foi similar ao das mudanças de geração.
No gráfico abaixo, é possível notar que, nos anos pelos quais o Corolla
na versão XEi passou por mudanças significativas, houve, em geral, uma
diferença no gap de desvalorização, acima da taxa
de desvalorização média anual dos modelos de uma mesma geração.
Os gaps destacados em azul representam as gerações que
envolveram a mudança de plataforma do Corolla (2003, 2008 e 2015). Já os
destaques em verde apontam as atualizações significativas de motor (2011) e
equipamentos (2018) que resultaram num efeito similar ao de uma mudança de
geração no histórico de preços do sedã.
A tabela abaixo pode nos ajudar a
esclarecer os efeitos da diferença da taxa de desvalorização intrageracional e
entre gerações:
Geração
|
Taxa de desvalorização média
anual intrageracional
|
Gerações
|
Gap de desvalorização entre
gerações
|
G1 (1999 – 2002)
|
-9,60%
|
G1 / G2
|
11%
|
G2 (2003 – 2007)
|
-7,51%
|
G2 / G3
|
23%
|
G3 (2008 – 2010)
|
-4,76%
|
G3 / G4
|
8%
|
G4 (2011 – 2014)
|
-8,57%
|
G4 / G5
|
17%
|
G5 (2015 – 2017)
|
-7,88%
|
G5 / G6
|
13%
|
G6 (atual)
|
-6,82%
|
-
|
Como podemos observar, com exceção do gap entre
as gerações G3 e G4, as diferenças de preços entre os anos/modelos que sofreram
atualização de geração são significativamente maiores do que a taxa de
desvalorização média anual intrageracional.
Afinal, as gerações antigas
desvalorizam mais do que as novas?
O que podemos inferir a partir deste estudo de caso do Corolla é que o
impacto da renovação de um modelo causa um efeito imediato nos preços da
geração que está deixando o mercado de carros 0 km, porém não existem
consequências sobre a sua taxa de desvalorização média anual.
Isso significa que, independentemente do surgimento de uma geração mais
nova no mercado, a desvalorização das anteriores não muda, seguindo o mesmo
padrão antes da nova ser lançada. O que influencia a taxa de desvalorização de
uma geração é o seu próprio desempenho no mercado (volume de vendas, aceitação
dos consumidores, credibilidade, liquidez, etc.). Por isso, nem sempre a
geração atual é a que menos desvaloriza, como a tabela do Corolla XEi mostra.
A partir dos levantamentos apresentados, é possível notar que, quando
uma nova geração é lançada por uma fabricante, a anterior é impactada com uma
queda em seus preços absolutos. Logo, este momento de transição pode, sim, ser
uma boa oportunidade para os consumidores adquirirem o veículo com boa dose de
barganha, caso não se importem em não em comprar um veículo prestes a estar
desatualizado.
Para saber mais sobre precificações e impactos de uso no preço de
revenda de um carro, acesse www.kbb.com.br e
faça uma simulação do automóvel que você deseja adquirir.
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