A recessão econômica dos últimos anos
vem reduzindo o consumo interno de carne no País e, no começo do ano, juntou-se
à delação dos donos do monopólio frigorífico e à eclosão dos escândalos da
Carne Fraca, que vieram à
tona de forma irresponsável. Tais fatos, aliados às expectativas de
desdobramento, colocaram em xeque o nosso sistema sanitário, criando
questionamentos sobre a carne brasileira no mercado externo, ambiente propício
para os nossos implacáveis concorrentes.
Esta
tempestade perfeita é o resultado de políticas econômicas equivocadas, dentre
elas a da formação de monopólios através de um capitalismo de Estado de
transparência questionável, que, somadas a uma frouxidão ética, causaram este
ambiente no País, especificamente no mercado de carnes. E está claro que o
pecuarista é quem está pagando a conta mais uma vez.
Em
outros setores, movimentos como esse seriam inéditos e deixariam até mesmo os
mais experientes empresários de cabelos em pé. Mas, quando olhamos para a
história da pecuária brasileira, percebemos que não é a primeira vez que temos
de encarar uma crise aguda como esta. Neste momento, a grande vantagem do
pecuarista é saber como enfrentar essas situações difíceis, preparando-se
estrategicamente para a recuperação do mercado.
Historicamente,
a pecuária mostra força de recuperação perante cenários como o atual; às vezes,
em situações até piores. Vale recordar os focos de aftosa em 2005, quando
tínhamos um consumo interno promissor e caminhávamos para um aumento de
produção que iria sustentar o Brasil na disputa pela liderança nas exportações
de carne bovina. O caos se instalou após a notícia da existência dos focos
chegar ao mercado, derrubando a cotação da arroba do boi gordo, que chegou a
valer menos que R$ 50,00. Entretanto, a história mostrou que, quem investiu
naquele momento, conseguiu colher grandes frutos.
Mais do que apenas aproveitar as
oportunidades de preços geradas pela situação, o pecuarista precisa saber como
e onde investir. Áreas estratégicas que visem o resultado em médio prazo devem
ser priorizadas, focando a eficiência do negócio, lançando mão de tecnologia e
gestão.
Em épocas difíceis, a gestão da
fazenda ganha enorme destaque, sendo a principal ferramenta do pecuarista para
economizar de forma eficiente e investir estrategicamente. Entre estes
investimentos, a genética tem papel fundamental. O processo de melhoramento
genético é contínuo e seus resultados poderão ser colhidos a partir de
dezesseis meses para quem vai comercializar o bezerro. Este insumo ainda segue
demonstrando seus benefícios nas gerações seguintes, graças à carga genética
depositada no rebanho.
Por menos intuitivo que isso possa
parecer, a crise é o melhor momento para investir. O pecuarista que tiver o
olhar voltado para o futuro e souber aproveitar o momento para melhorar o
rebanho, certamente estará mais preparado para lucrar com os bons tempos que
virão quando mais essa tempestade passar.
* Bento Abreu Sodré de Carvalho Mineiro é diretor das Fazendas Sant'Anna, de Rancharia (SP), propriedade que realiza em 17 de setembro, a partir das 14 horas, com transmissão pelo Canal Terraviva, seu tradicional leilão de touros Nelore e Brahman
Comentários
Postar um comentário